O estupa Kyaikhtiyo, Mianmar
Equilibrado em uma posição de tirar o fôlego, como se forças mágicas o tivessem depositado ali, o "Penedo Dourado" se eleva sobre o precipício e parece desafiar as leis da Física. Diz a lenda que um fio de cabelo do Buda o segura no lugar.
O cabelo estaria localizado embaixo do santuário, erigido sobre a rocha com a forma de um dedo divino que aponta para o céu. Para os budistas este lugar é sagrado.
Mas a extraordinária escultura não se deve a forças sobrenaturais, e sim a um processo geológico chamado "erosão esferoidal".
Esta esfoliação pela ação do tempo ocorre ao longo de fissuras e abismos nas rochas, de cima para baixo, até que finalmente surgem blocos arredondados individuais, frequentemente empilhados uns em cima dos outros. O fenômeno é particularmente impressionante no caso deste rochedo de granito.
Nazca, Peru
Em Setembro de 1936 arqueólogos descobriram, nas proximidades da cidade peruana de Nazca, no sopé dos Andes, alguns sulcos em linha reta no solo dos pampas.
A interpretação, na época, foi a de que eram antigos canais de irrigação. Alguns anos depois, o professor de História norte-americano Paul Kosok e a geógrafa alemã Maria Reiche encontraram incontáveis outros sulcos - muitos dos quais não são retos, mas ordenados em forma de espiral.
Perplexos, os pesquisadores verificaram que outras linhas, quando observadas do ar, formam imensas figuras no chão: um beija-flor, um cachorro, uma aranha, um macaco e um condor com uma cauda de quase 50m de comprimento.
Juntas, as obras de arte cobrem uma área de quase 400km2. As linhas realmente teriam sido canais de irrigação?
Paul Kosok estava cético. Em 1941, ele notou que na época do solstício, o Sol se punha diretamente em cima de uma das linhas e concluiu que os outros sulcos também tinham uma ligação com o firmamento.
O professor afirmou, então, que as Linhas de Nazca compunham "o maior livro astronômico do mundo". Maria Reiche ousou ir além, sugerindo que as figuras eram símbolos para significativas constelações.
A aranha, por exemplo, representaria o grupo de estrelas de Orion. Segundo ela, as Linhas de Nazca constituíam um gigantesco calendário para fins agrícolas.
Em 1968, um professor de Astronomia cartografou os sulcos e examinou se eles de fato se orientam pelas estrelas, como afirmaram Kosok e Reiche. Ele só encontrou relações astronômicas em poucos casos.
A esta altura, porém, os arqueólogos já ofereciam uma outra explicação para o surgimento desses geóglifos: a erosão havia coberto o deserto pedregoso da região de Nazca com uma camada preto-amarronzada.
Para desenhar as linhas claras na paisagem, os índios peruanos teriam, provavelmente, raspado esse estrato, entre 100 e 600 d.C., para revelar o chão de areia esbranquiçada abaixo dela. Mas qual a finalidade de tamanho esforço?
A teoria mais convincente atualmente é a de que, num passado distante, os índios criaram as linhas para percorrê-las em procissões festivas.
Especialmente os geóglifos de animais teriam servido aos xamãs como trilhas ritualísticas para cerimônias de magia.
A antiquíssima suposição de que os sulcos foram criados para irrigação também está sendo reavivada por alguns pesquisadores: seria bem possível que as cerimônias ao longo das Linhas de Nazca servissem para invocar arcaicos deuses da chuva.
Entre as sete maravilhas da Antiguidade, as pirâmides de Gizé são as únicas que resistiram à passagem do tempo.
A maior delas ergue-se a uma altura superior a 146 metros e foi dedicada ao faraó Quéops, que reinou por volta de 2500 a.C.
Provavelmente, as pirâmides não são apenas monumentos, mas também templos funerários. No interior da de Quéops existe um sarcófago de granito - vazio.
Muitos pesquisadores presumem a existência de outras câmaras mortuárias no interior dessa construção impressionante.
Elas ainda não teriam sido descobertas, em razão de terem sido alojadas, de acordo com um plano secreto, em algum ponto profundo da pirâmide.
Alguns cientistas ainda arriscam outras funções para as pirâmides. Suas sugestões vão desde observatórios astronômicos, até bunkers, que deveriam servir aos egípcios como um refúgio do Dilúvio bíblico.
Dois milhões de blocos de granito, cada um pesando, em média, duas toneladas e meia, foram sobrepostos pelos operários daquela época.
As pedras monumentais eram apoiadas sobre trenós de madeira, arrastados por homens equipados com cordas através das areias do deserto.
Contudo, ninguém sabe ao certo como eles conseguiram erguer esses blocos a mais de cem metros de altura, sem a utilização de guindastes como os que conhecemos hoje.
A teoria mais aceita é a de que, para erguê-los, foram construídas enormes rampas ao redor do edifício.
Em 2007, o arquiteto francês Jean-Pierre Houdin comprovou, em uma simulação computadorizada, que 4.000 operários já poderiam ter sido suficientes para criar esses monumentos no prazo de pouco mais de duas décadas - e não 100.000, como nos foi transmitido pelo historiador grego Heródoto.
Meoto-Iwa, Japão
Ligados por uma grossa corda trançada, de palha de arroz, os Meoto-Iwa - os Rochedos Casados - despontam do Oceano Pacífico, na costa sudeste do Japão. Qual é a sua história?
Os seguidores do Xintoísmo veneram o casal de pedra, na baía de Ise, como um santuário. Segundo a antiga tradição nipônica, o monumento representa o homem, a mulher e sua ligação divina.
Três vezes por ano - em maio, setembro e dezembro -, a chamada corda Shimenawa (que pesa mais de uma tonelada) é substituída em uma cerimônia sagrada.
Diz a lenda: o vínculo entre casais que, em uma manhã de verão, virem o Sol nascer duas vezes mais alto entre a mulher de pedra marinha e seu marido, será eterno.
Stonehenge, Inglaterra
Os megalitos de até 7,5m de altura e 50 toneladas, perto da cidadezinha britânica de Salisbury, constituem uma das ruínas mais enigmáticas do mundo.
São gigantescos blocos verticais de arenito, encimados por blocos horizontais igualmente maciços. Homens da Idade da Pedra os teriam transportado até lá - de uma distância de 30 km. Mas como e, principalmente, por quê, ninguém sabe dizer com exatidão.
Historiadores do século XVII presumiam que esses círculos sagrados teriam sido templos dos antigos druidas celtas.
Em 1965, o professor de Astronomia Gerald Hawkins, de Boston, EUA, defendeu em seu livro Stonehenge Decoded ("Stonehenge Decifrado") a ideia de que se trataria de um "instrumento de cálculo da Idade da Pedra", com o qual era possível prever eclipses lunares. Ou será que Stonehenge, o "lugar das pedras suspensas", seria um cemitério?
Há pouco tempo, o arqueólogo britânico Mike Parker Pearson conseguiu provar que partes de esqueletos, encontrados nas proximidades das pedras, datavam de 3000 a.C. aproximadamente.
No outono de 2008, o cientista propôs que as primeiras pedras já poderiam ter estado ali, como uma "catedral da Pré-História".
Uma nova estimativa que, além de sensacional, contradiz a teoria druida. Ao que tudo indica, os sacerdotes celtas só vieram a habitar aquela região mais de mil anos depois - se é que existiram.
Mais de quatro décadas haviam se passado, sem que nenhum cientista voltasse a escavar no interior do círculo de pedras.
Então, na primavera de 2008, os arqueólogos britânicos Timothy Darvill e Geoffrey Wainwright se propuseram a solucionar o mistério.
Eles se depararam com novas particularidades: as chamadas "pedras azuis", encontradas no interior do monumento.
Diversas histórias circulam sobre a força de cura dessas rochas basálticas, que adquirem seu tomazulado na umidade.
Esses pesquisadores chegaram à conclusão que Stonehenge deve ter sido um local de peregrinação - uma espécie "pré-histórica de Lourdes" - por causa dos esqueletos encontrados nas proximidades.
A análise dos ossos revelou à dupla de cientistas muitos ferimentos e doenças, como fraturas ou inflamações.
Além disso, eles conseguiram demonstrar, por meio de exames do esmalte dentário, que algumas das pessoas que morreram ali devem ter peregrinado para a Inglaterra, vindas de grandes distâncias - inclusive da região dos Alpes.
Indícios que pressupõem , ainda, a teoria de que Stonehenge tenha sido um dos mais antigos sanatórios já encontrados.
Machu Picchu, Peru
Frequentemente envolta por neblina, a "Cidade Inca", no Sul do Peru, é tão bonita quanto misteriosa.
Em uma área de 1.000 metros de extensão por 500 metros de largura, no topo de uma montanha, estendem-se palácios e templos, casas, ruas pavimentadas, amplas praças e tanques d'água.
Do templo principal, com seu grande altar de oferendas, escadas levam ao ponto mais alto da cidade - a mais de 2.450 metros de altitude.
É lá que domina um misterioso bloco de granito, do qual se projeta uma pedra trapezoide. Alguns arqueólogos presumem que "o ancoradouro do Sol" tenha servido como observatório astronômico.
Acredita-se que os incas tenham construído Machu Picchu no século XV, para abandoná-la novamente no século seguinte.
Durante muitas gerações, a cidade permaneceu oculta debaixo de pedras e plantas da mata tropical - razão pela qual ela provavelmente escapou da destruição pelos senhores coloniais espanhóis.
Em 1911, o arqueólogo norte-americano Hiram Bingham descobriu as ruínas. Maravilhado com seu aspecto, ele considerou o platô como "a última capital do Império Inca".
Mas Bingham não encontrou provas para sua teoria. Em vez disso, ele achou múmias - quase todas femininas, como acreditou.
Teria sido este sítio um gigantesco convento de "virgens do Sol"? Ou de sacerdotisas que veneravam um deus do Sol?
Somente na década de 1980, quando outros cientistas examinaram as múmias com métodos modernos, constatou-se que se tratava também de homens.
Novos resultados de pesquisas do antropólogo Richard Burger indicam uma outra direção: segundo ele, Machu Picchu era uma residência imperial, do período áureo do Império Inca.
Provavelmente, o grande rei Pachacutic governante mais poderoso do continente americano naquela época mandou construir a cidade para si e seus empregados - como palácio de inverno.
Pois aqui, na época fria do ano, o clima é mais ameno do que na cidade de Cuzco, a 110km de distância, onde Pachacutic residia normalmente.
Triângulo das Bermudas, Mar dos Sargaços
O mito desta região marítima, delimitada pela extremidade sul da Flórida, Porto Rico, e as Ilhas Bermudas, data de 5 de dezembro de 1945.
Naquele dia, cinco aviões torpedeiros decolaram de uma base da Marinha norte-americana, em Fort Lauderdale, para um voo de treinamento. A esquadrilha se desviou do curso; o contato por rádio emudeceu.
Um sexto avião foi enviado em missão de busca, mas em pouco tempo sua tripulação também parou de se comunicar.
No dia seguinte foi lançada uma gigantesca ação de busca, com 300 aviões do Exército, apoiados no mar por dezenas de navios de guerra e submarinos.
Sem sucesso. Enquanto isto, pessoas interessadas descobriam, em arquivos secretos, diversas indicações de acontecimentos enigmáticos nesta região, onde a profundidade pode ultrapassar 5.000 metros.
O triângulo marítimo ficou mundialmente famoso em meados da década de 1970, quando o escritor Charles Berlitz publicou o Triângulo das Bermudas - traduzido em 20 idiomas, em cinco milhões de exemplares.
Ele descreve como barcos pesqueiros, aeronaves militares e de passageiros foram engolidos pelo mar - mais de 100, desde o início do século XIX.
Em seu livro, Berlitz desconfia que extraterrestres tenham sequestrado as naves. Diante disso, críticos do livro imediatamente começaram a apontar erros.
Muitos navios e aviões mencionados pelo autor teriam se acidentado, de fato, em outros lugares. Mais de 50 casos "misteriosos" poderiam ser explicados por panes técnicas, tempestades e erros de navegação.
Nos anos 80, tudo fica notavelmente quieto em torno do Triângulo das Bermudas. A maioria dos historiadores considera sua famigerada voracidade um mito.
Na década seguinte, contudo, geocientistas se apoiam em uma teoria que oferece uma explicação para vários desastres.
Em terremotos no fundo do mar, as condições de pressão e temperatura poderiam sofrer variações e soltar bolhas de metano.
Estas, por sua vez, tornariam a água menos resistente, fazendo com que navios afundassem. Mas e os aviões desaparecidos?
Ao ascender, nuvens de metano teriam incendiado os aparelhos, fazendo com que despencassem no mar? Muito mais provável é que a abominável força de sucção nem exista.
Pois naquele triângulo perto da Flórida não ocorrem mais acidentes com aviões e navios, do que o esperado em qualquer região com intenso tráfego por mar e ar.
Fonte: Revista Geo